quinta-feira, 23 de abril de 2009

Xuxo & Eu


Não sei o porquê, mas nos últimos dias não consigo parar de pensar no meu melhor amigo (me gatinho Xuxo, também conhecido como Fofuxo). Não deixo de sonhar com ele uma só noite. Lembro dos momentos marcantes que passamos juntos. Foi com ele que aprendi que animais são mais verdadeiros que o homem. Ao ler o livro e assistir ao filme “Marley & Eu”, no início deste ano (2009), deparei-me com mensagens lindas do autor, John Grogan, que revela o verdadeiro sentimento dos amantes de animais diante da realidade atual. Uma das mensagens foi mais ou menos a seguinte: S"éria possível que um animal podesse mostrar aos seres humanos o que realmente importava na vida? Eu acreditava que sim. Lealdade. Coragem. Devoção. Simplicidade. Alegria. Um animal não precisa de carros modernos, palacetes ou roupas de grife...Um animal não julga os outros pela cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um animal não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração ele lhe dará o dele...". Sei que isso é a mais pura verdade. E foi por sermos tão próximos que eu senti muito a enorme ausência daquele ser que estava sempre ao meu lado. Mas vocês devem estar se perguntando: Qual a história dela com esse animal que a deixou assim, tão sentida? A minha história com animais começou desde a minha infância. Sempre amante dos animais de pequeno porte (em especial, gatos e cachorros) eu buscava na rua os gatinhos abandonados e levava-os para o edifício onde eu morava com meus pais. Nossa vizinha era veterinária e sempre cuidava, dando vacinas e o que os gatinhos precisassem. Eu sempre pedia para meus pais comprarem um gatinho ou um cachorrinho para mim, mas sempre diziam que seria mais uma despesa na família (no fundo eu sabia que seria mais uma alegria). Foram-se vários e vários gatinhos. Nenhum permaneceu conosco por muito tempo.Após alguns anos fomos morar numa casa onde, quer queira ou não, teríamos mais privacidade. Foi em 2000 que meu pai decidiu presentear-me com o melhor de todos os presentes: um cachorrinho preto da raça fila com dog alemão (também era o sonho do meu pai) e uma gatinha branca da raça persa, na qual coloquei o nome de Xuxa. Nós mesmos dávamos banho e escovávamos seus pelos. Após um ano de cuidados em casa, decidimos levá-la (Xuxa) para ganhar uns tratos em clínicas veterinárias. Várias vezes a levamos para a mesma clínica e ela nunca voltava com lacinhos nas orelhas, apenas com um laço no pescoço. Foi aí que decidimos levá-la a uma outra clínica. Quando fomos buscá-la abordei o veterinário e disse-o: Vim buscar a Xuxa, uma gata persa, branca. Então ele respondeu-me: Aqui não há Xuxa, nem gata persa branca. Há o Xuxo, um gato persa branco. Advinha! A Xuxa não era Xuxa. A Xuxa era Xuxo, um macho. Ka ka ka ka...Vocês agora devem estar dizendo: que idiotas, não perceberam que era um macho! Não mesmo. Nós não sabíamos de nada e eu, muito pequena, não sabia diferenciar. Fiquei desapontada por um tempo, mas logo percebi que não importava o que ele era por fora, mas sim que ele continuava sendo o mesmo por dentro. Não importava se ele era macho ou fêmea, ele sempre estava ao meu lado ouvindo-me, esperando-me na porta de casa para que quando eu chegasse da escola encostasse o meu nariz no narizinho dele. Foram essas atitudes desse pequeno ser que tocou tanto o meu coração.Certo dia, mais ou menos meia noite e meia, meu “Fofuxo” não parava de vomitar e fazer um barulho estranho na barriga quando chegávamos perto. Acordei meu pai e disse: Pai, preciso que leve meu gatinho ao veterinário, ele não para de vomitar. Então meu pai: Filha, eu não tenho dinheiro para pagar um veterinário agora. Então eu respondi: Eu tenho, vou abrir meu cofrinho. Saímos feito loucos e não achamos uma só clínica veterinária aberta. No outro dia, pela manhã, o levamos na clínica de costume e lá o examinaram. – Nada grave. Disse a veterinária. -Os vômitos foram apenas consequências da grande quantidade de pelos que ele engole ao limpar-se e o barulho em sua barriga é apenas uma maneira de expressar o carinho que ele tem por vocês. Completou. Ufa!. Pensei. Ainda bem que não é nada grave.Foi aí que tive a certeza do sentimento que eu tinha pelo Fofuxo e do sentimento que ele tinha por mim. Vários momentos felizes passamos juntos. Claro que tivemos também os momentos de euforia, mas estes foram superados com muito amor.Todos os anos eu fazia-lhe uma festinha de aniversário no dia 8/12. Sempre comemorando essa felicidade que Deus enviou-me.Mas foi em Fevereiro de 2007 que recebi a noticia de que iríamos nos mudar. Fiquei muito feliz, pois era meu sonho voltar a morar em um apartamento. A alegria durou pouco. Quando fomos visitar o local que moraríamos daqui a alguns meses, soube que viveríamos no quarto andar (praticamente impossível de criar um animal na qual vive saltando de um muro ao outro). Isso foi um choque. Logo vi que não poderíamos criar meu gatinho (vai que ele pula do quarto andar do edifício? Eu morreria junto) e nem o meu cachorrinho que nesse tempo já o comparavam com um cavalo. Imagina o tamanho. Fiquei muito triste e tentei convencer meus pais a desistirem da mudança, mas não mais adiantava, a compra do apartamento já havia sido feita. Passei dias e noites, antes da mudança, chorando abraçada ao meu gatinho e tentando entender porque a vida foi tão injusta conosco. Pensei: Quem estará esperando-me na porta de casa quando eu chegar da escola para encostar o seu narizinho no meu? Quem terá a paciência de ficar trancado no quarto comigo durante horas? Quem me fará correr de unhas afiadas que querem apenas brincar? Tantas perguntas e todas sem respostas. Alguns dias antes da mudança para um apartamento provisório, tirei diversas fotos com o Xuxo, fiz um verdadeiro book para ele. E decidi deixá-lo com os novos donos da casa, que adoravam gatos e já tinham outros dois da mesma raça. O dia da mudança, por parte, foi um dos piores dias da minha vida. Muitas lágrimas no rosto, muita tristeza no coração e um vazio dentro de mim ao ver aquele pequeno ser ficando para trás tão só, sem saber o que se passava e quem eram aquelas novas pessoas ao seu redor. Mas no fundo ele sabia que não era uma coisa boa, eu podia ver em seu olhar. Foram noites de insônia, de choro e tristeza.Hoje não mais estou no apartamento provisório, estou no que foi comprado pelos meus pais. Sem o Fofuxo e sem o Duck (o cachorro) tudo fica tão vazio. Passo o dia sozinha no apartamento enquanto meus pais trabalham e minha irmã estuda. À noite vou à faculdade e quando chego todos vão dormir e fico sozinha novamente, como estou agora. Nos últimos dias estou sentindo uma falta absurda do meu gatinho. Sonho todas as noites com aqueles olhinhos amarelados me olhando e um formato de rosto que só ele tem. Não sei o porquê, mas sinto que ele não está 100% bem, afinal os anos passaram-se, não só eu como ele também envelheceu. Estou muitíssimo preocupada e angustiada. Sinto um aperto no peito e um nó na garganta ao escrever tudo isso. Em cada animal imagino a pureza e a sinceridade que no Xuxo existia, ou melhor, existe. Em cada animal vejo um ser na qual o homem deveria espelhar-se: um ser sincero, feliz, único, humilde e amigo. Estou na fase que devo escolher uma profissão a seguir. Meu sonho sempre foi ser uma grande veterinária e poder ajudar aqueles pequenos seres que tanto me fizeram feliz. Não tenho certeza se é isso que farei, mas sei que, de uma maneira ou de outra, seguirei sempre ajudando essas vidas que para muitos não valem nada, mas que para mim são um motivo de acreditar num futuro melhor, onde o homem será tão verdadeiro quanto um animal. O Fofuxo pode não está mais vivendo ao meu lado, mas tenha certeza de que ele sempre estará presente nos mais fortes sentimentos existentes em meu coração. Amo muito o meu melhor amigo e, onde ele estiver, quero que saiba: eu era mais feliz ao seu lado. E um dia terei a minha clínica veterinária que, em sua homenagem, receberá o nome de “Fofuxo’s Mania”.


Por Géssyca Maysa Diniz Teixeira

10 comentários:

  1. Só podia ser a menina dos olhos de Maysa para confundir o sexo dos animais.
    texto maravilhoso;é verdade que os animais podem ensinar o ser humano a viver melhor,observando os animais e a natureza aprendemos muitas coisas sobre a vida;às vezes nos esquecemos que também somos animais e por isso perdemos a essencia da vida.
    Parabéns pelo texto e continue escrevendo,adorei!

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  2. Com certeza que os animais conseguem ensinar as coisas que relamente importam para a vida ao homem, basta ele saber "ouvir".
    Há muitos casos em que a "humanidade" e "compaixão" são mais vistas nos animais do que no próprio homem.

    Quando você montar sua clinica veterinária me avise, q eu vou levar meus bichinhos para você.. (rsrsrs)

    Continue escrevendo.
    Beijooo

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  3. Bruno, agora me senti quando você falou nos olhos de Maysa ka ka ka ka ka...
    Isso é verdade, Bruno, e ecrevo justamente por pensar dessa forma e por presenciar e participar de experiências assim.
    E claro, jamais poderemos esquecer que também somos animais, assim não perderemos a essência da vida.
    Obrigada e continuarei escrevendo.

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  4. Anna, concordo plenamente quando você diz que há muitos casos em que a "humanidade" e "compaixão" são mais vistas nos animais do que no próprio homem.
    O homem se vê tão superior aos animais, mas não nos mostra a sabedoria precisa para tal paradigma.
    Ainda credito num mundo, não 100% sábio, mas com sabedoria a suficiente para que possamos viver em paz.
    Posso demorar para montar a minha tão sonhada clínica veterinária, mas com certeza te avisarei.
    Não tenha dúvidas de que continuarei escrevendo.
    Beijo

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  5. amei sua história, linda! é uma pena que ele n está mais ao seu lado(gato). e será que ele está feliz com seus novos donos? já passei por isso... ter que dá um animal... é horrível!a gente sente uma tristeza tão grande e se pergunta se ele ficará feliz com uma nova família. pq vc n vai vê-lo? ao menos ficará sabendo como ele está.
    continua escrevendo com essa sensibilidade que eu adorei

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  6. Obrigada.
    Sinto muito a falta dele. E realmente fica a dúvida no coração de quem já passou por isso: será que ele (animal) ficará bem?
    Ah, eu não vou vê-lo porque a atual família dele disse que ele está no interior, numa casa deles. :/
    Vivo sem notícia alguma.

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  7. Eu só tenho as fotos que tirei antes da mudança. :S

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  8. Realmente Géé.
    Eu sou testemunha do quando vc amava e ama o seu gatinho, ou melhor, o seu fofuxo (como vc o chama).
    Acredito em seu potêncial de realizar o sonho de ter uma clínica veterinária e vc merece.
    Não fica triste quando a distância do Xuxo, lembre-se dos momentos felizes que passaram juntos. (L)

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  9. Verdade.
    Amo-o muitíssimo.
    Lembro sempre dos meus momentos ao lado dele.
    Lutarei para conseguir montar minha clínica, sem dúvidas. Aí sim serei uma pessoa realizada.
    Ele ficará para sempre em meu coração.

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